Você vai ouvir "Mulato de Qualidade", 1932, samba de André Filho com o grupo Canhoto e "Cantores do Rádio, de 1936, marcha do trio Lamartine Babo, Alberto Ribeiro e Jõao de Barro. Carmen e Aurora, no filme "Alô Alô Carnaval", cantam-na com um conjunto de fraque, cartola e calça comprida, numa cena antológica. Regravada e cantada no filme "Quando o Carnaval Chegar", de 1972, por Chico Buarque, Nara Leão e Maria Bethania.
Carmen, no futuro
O futuro, sabemos, está sendo construído hoje.Se no hoje, não houver um esforço coletico e uma consciência da preservação da memória nacional, a Carmen no futuro vai ter sua imagem, lentamente, apagada das páginas dos livros; calada será sua voz nos discos; seus balangandãs, figurinos e adereços corroídos, meticulosamente, pela maresia da baía de Guanabara, onde seu museu, aguardando das autoridades, por trinta anos, uma sede definitiva, possa abrigar com justiça e dignidade todo o seu acervo.Será que para 2009 esse não seria o melhor presente para a cidade do Rio e para o Brasil?
Viviane Figueiredo
dedicado a Doni Sacramento.
Em 2009 Carmen Miranda completa cem anos. Ela é a portuguesa mais brasileira de todos os tempos!
Nascida em fevereiro de 1909, em Marco de Canavezes, veio para o Brasil com menos de um ano de idade, e em um Rio de Janeiro, com ares afrancesado, como cabia a toda a cultura da época, viveu, sambou e subverteu a ordem até meados de 1939, quando a bordo do navio Normandie, partiu para outras praias, não sem antes
deixar aqui quase três centenas de músicas gravadas, da nata dos compositores brasileiros. Estes se jogavam a seus pés! São marchinhas, sambas-choro, sambas-jongos e sambas onde impôs sua genialidade, sua personalidade süi generis, seu espírito vanguardista e cosmopolista. Foi multimídia, atuando nos discos, nas rádios, no teatro, cinema e na televisão.
Você assistiu Carmen cantando " O que é que a bahiana tem" , samba típico baiano de Doryval Caymmi, com acompanhamento do grupo Regional, para o filme "Banana da Terra", de 1939. Com a graça e encanto de Carmen, a baiana, antes um traje vulgar, adquiriu outro valor. E de baiana Carmen foi para a Urca e para a América, conquistando o mundo e transformando a baiana no traje típico nacional e representativo da mulher brasileira.
Ela foi magistral em conciliar glamour com popularidade. Diferentemente das celebridades sem conteúdo de hoje, Carmen Miranda, soube como ninguém tornar-se acessível e inesquecível para os compositores e para o seu público, que foi, quase por unanimidade, o Brasil inteiro!
Seu gosto extravagante, sua imaginação fértil, sua beleza, sua dicção fabulosa, sua voz, seu rítmo, sua bossa, seu it...it...it
"A Cantora do it"
"
Ditadora Risonha do Samba"
Em 1941, dois anos, só dois aninhos, lá fora, já estava se imortalizando na calçada da fama, isso em uma Hollywood onde divas e deuses brigavam pelo pódio do Olimpo. Não deve ter sido nada fácil a pressão que a nossa Maria do Carmo Miranda enfrentou para manter-se ali. Também nada fácil, manter-se longe daqui.
Quando ela cansou, em agosto de 1955, deu um jeito de bater as botas com um infarto e foi sambar lá no Céu. Às vezes, ainda dá pra ouvir as suas risadas.
Até Tom e Jerry reverenciam a "Brazilian Bombshell"
v.f