domingo, 23 de setembro de 2007

PROCESSO DE CARACTERIZAÇÃO / MAQUIAGEM

Eu e o meu querido Beto França!




Ao fundo, você ouve a Carmen numa interpretação bem brejeira de um sambinha jocoso de André Filho, " O meu amor tem", sucesso de 1930, que eu adoro!

"ALô ... Alô?", de 1933, samba de André Filho, em dueto com Mario Reis e com o grupo Canhoto.

Ouviu também, "Foi Embora Pra Europa", de 1938, samba de Nelson Petersen, que fazia parte do conjunto Bando Carioca.

Nestas fotos você acompanha o processo de caracterização artística, feita pelo maquiador Beto França, neste making off que gerou o blog.

Nossa parceria, já dura, cerca de nove anos, quando ele

me maquiou pela primeira vez, ainda no Senac, onde lecionava.

Para mim, isto representou o pontapé inicial para o estudo desta personagem.

Àquela época, quando decidi interpretar Carmen, a primeira coisa que me ocorreu foi: mas eu não sou parecida com ela! Como fazer para trazer a lembrança dela estampada em meu rosto, já que ela, Carmen, tem traços tão característicos?

A caracterização do Beto me trouxe a resposta, e dali em diante, vestida com a máscara da Carmen, entendi o modo como ela usava aqueles traços que ela também criou para si. Os recursos estéticos - boca grande vermelha, sombancelha arqueada - se transformaram em instrumentos de atuação, e é por isso que ela canta sorrindo, com trinta e dois dentes à mostra, erguendo sombrancelhas e revirando os olhos.

Aproximar minha fisionomia à dela não era o suficiente, como não é o suficiente pintar uma boca grande vermelha, colocar um chapéu de frutas e sair por aí...

Esta matéria do jornal Agora ilustra bem a confusão! Primeiro chama a atenção o título macabro, em seguida vem a notícia que coloca os artistas como sósias que ganham o pão com a semelhança de seus ídolos. Embora, eu tenha frisado a diferença do trabalho do sósia com o de um ator que constroi o personagem, através da caracterização, na hora do vamô , a coisa foi bem outra. Dá-lhe mídia!

Neste vídeo você ouviu " Cuíca, Pandeiro, Tamborim...", de 1936, samba de Custódio Mesquita, amigo e pianista de Carmen em espetáculos.

2007


2007


2007


1998

1999

1999

Você vai ouvir " Mamãe eu quero - I want my mama", marcha do filme Serenata Tropical, de Jararaca - Vicente Paiva. No filme, de 1940, Carmen é acompanhada pelo Bando da Lua e Garoto.

Continuei a minha pesquisa, a partir da maquiagem, fazendo o que chamei de experimentações.

Nestas experimentações, tentei construir o gestual próprio da Carmen, e me submeti a pequenas platéias

no intuito de testar o personagem, e sobretudo, medir o impacto desta figura, hoje, na nossa cultura, e foi impressionante constatar que a Carmen faz parte do imaginário popular brasileiro.

Para os aultos isso já era esperado, mas com os jovens, ainda que não a conheçam, quando apresentada, ela possui um algo, um " it" que fisga, que a faz ser respeitada, independentemente do estilo musical, estética e outros parâmetros individuais.

O que é que a baiana (portuguesa - carioca) tem?

Observe que engraçado, por um erro gráfico, eu, Viviane Figueiredo, fui interpretada por ninguém menos do que ela, a incrível, Carmen Miranda.

O evento acima foi realizado pela APM - Associação Paulista de Medicina, para a Terceira Idade, e foi um sucesso! No meio do show alguns idosos lembraram-se dos carnavais de antigamente e começaram a tirar outros para dançar. Foi lindo! Ao final do show, um senhor chorou, lembrando a esposa falecida que havia conhecido em um carnaval, onde as marchinhas de Carmen embalaram o romance. Estes depoimentos dão sentido à carreira de um artista.

Um dos equívocos que cometi, na primeira fase de pesquisa, foi super lotar a baiana de balangandãs, o que foi engraçado, porque olhando as primeiras fotos da Carmen, nas revistas Cruzeiro, quando havia acabado de "inventar" a sua baiana, também dá para perceber o exagero dela, Carmen, nos balangandãs.

No vídeo acima, você ouviu South American Way, samba feito para o filme "Serenata Tropical" de Jimmy Mac Hugh - Al Dubin, acompanhada do Bando da Lua e Garoto.

Neste vídeo, já na sua fase americana, Carmen aparece cheia de balangandãs, mas existe uma sofisticação no padrão estético e também na própria confecção dos mesmos, onde boa parte já aparecem grudados na roupa.

Nos Estados Unidos, com uma agenda lotada, com shows na Broadway e filmagens em Hollywood, não havia tempo entre uma troca e outra, para colocar vários acessórios, e então suas bijoux se transformam, sempre apresentando a mesma exuberância de cores e formas, mas com um pequeno truque: vários colares em um único; poucas pulseiras, cada vez maiores, entre outros.

O efeito lisérgico que propicia , no entanto, continua, sempre!

Curiosidade: Maria do Carmo Miranda recebeu este nome em homenagem a Carmen de Bizet, e esta outra Carmen, tão passional e inesquecível, eu tive também o prazer de interpretar



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